Ponte dos Korff

Marcos André: BMW R1250 GS Adventure HP

Humberto: BMW R1200 GS Adventure Rallye

Sábado, dia 2 de agosto de 2025.

Saímos de Porto Alegre um pouco depois das 6 horas da manhã. O destino era conhecer a Ponte dos Korff, localizada na estrada entre Criúva (distrito de Caxias do Sul) e Campestre da Serra, na serra do Rio Grande do Sul. O roteiro foi escolhido observando as viagens do amigo Marcelo Rech, motociclista experiente que descobre caminhos do Rio Grande do Sul através das estradas do interior do estado, nos levando a conhecer destinos improváveis e espetaculares.  Inicialmente, seguimos pela BR 116, passando pela região metropolitana de Porto Alegre e Vale dos Sinos, chegando até a cidade de Ivoti, saindo da BR 116 e passando por Presidente Lucena até chegarmos à cidade de Picada Café, cerca de 80 km desde nossa saída. O desvio por Presidente Lucena faz com que o caminho se torne cerca de 11 km mais curto do que seguindo pela BR 116.

Em Picada Café entramos em uma estrada de terra onde passamos pelo interior do município, cuja colonização alemã nos traz as características destes imigrantes, com diversas casas em estilo Enxaimel e propriedades com um cuidado característico do povo de origem germânica. Nossa primeira parada foi em Linha São Jacó, uma pequena comunidade distante cerca de 8 km de Picada Café, onde se observa uma igreja datada de 1903, junto da qual está o cemitério local e um salão de festas.

Continuamos por cerca de 119Km desde Picada Café até a localidade de Criúva onde chegamos após o meio-dia, passando pelo interior de Nova Petrópolis, Caxias do Sul e São Marcos, percorrendo estradas de terra sendo algumas bastante tranquilas e outras um pouco mais técnicas, porém todas sem maiores dificuldades na pilotagem, além de alguns trechos de asfalto. Lembrando que, por estarmos na região da serra gaúcha, estas estradas frequentemente têm curvas bastante fechadas, seja em subidas ou descidas, o que requer um pouco mais de atenção.  Em Criúva almoçamos no restaurante da Dona Glória, localizado na avenida principal. O restaurante é bastante simples, com as panelas de comidas caseiras dispostas sobre o fogão à lenha em um dos dois salões, onde se pode servir à vontade. O atendimento, assim como a comida, é feito pela proprietária, uma senhora muito gentil e com a simplicidade característica das pessoas que vivem nas pequenas localidades no interior dos municípios do Rio Grande do Sul, distante das grandes cidades.

Criúva é um distrito de Caxias do Sul, localizado no extremo norte do município na bacia hidrográfica do Rio das Antas, na região chamada Campos de Cima da Serra. Sua origem data do século XIX, da época do tropeirismo o que faz com que seja conhecido como o lado campeiro de Caxias do Sul, com o tradicionalismo gaúcho sendo uma das características marcantes dos habitantes. Era ponto de parada dos tropeiros até a década de 40 do século XX, quando foi criada a rodovia BR 116, em São Marcos. A economia local é baseada na agropecuária, com o turismo se intensificando nos últimos anos. Na localidade existem duas hidroelétricas em funcionamento, além de outras em projeto de construção, o que lhe confere um grande potencial de produção de energia elétrica.

Saindo de Criúva, seguimos por cerca de 12 Km por estrada de terra até a Ponte dos Korff. O trajeto é bastante razoável e também sem maiores dificuldades.

A Ponte dos Korff é uma construção metálica com assoalho em madeira e pilares de pedra, com 108 metros de extensão e 19,6 metros de altura. Na sua construção não foram utilizados parafusos, mas sim toda ela feita com rebites. A estrutura veio da Alemanha, desembarcando no porto do Rio Grande de onde foi trazida em cargueiros até o local onde está instalada. Foi a primeira ponte sobre o Rio das Antas, inaugurada em fevereiro de 1907, uma época onde não existiam maquinários ou tecnologia, fazendo a ligação entre os municípios de Caxias do Sul e Vacaria. Este caminho já era feito por tropeiros que levavam mercadorias entre a região e o restante do país. Em 2006, a Ponte dos Korff foi declarada Patrimônio Histórico e Cultural do Rio Grande do Sul. A paisagem do lugar, aliada à beleza do Rio das Antas, é coroada com a ponte e sua antiga forma de construção.

Após sairmos da Ponte dos Korff, seguimos por cerca de 18 Km até a BR 116, também por estrada de terra, com trechos muito bons intercalados com outros com um pouco técnicos e com algumas curvas fechadas em subida, porém todos sem maiores dificuldades.

Chegamos à BR 116 em torno das 16 horas, entre os municípios de Vacaria e Campestre da Serra. Daquele ponto em diante iniciamos a volta para Porto Alegre, com o caminho restante por rodovias asfaltadas. Seguimos pela BR 116 por cerca de 82 Km até a cidade de Caxias  do Sul, passando antes pela cidade de Campestre da Serra. A partir de Caxias do Sul seguimos pela ERS 122, passando por Farroupilha, e pela RS 240 até chegarmos novamente à BR 116 na localidade de Scharlau, já no município de São Leopoldo na região do Vale dos Sinos de onde continuamos até Porto Alegre, chegando um pouco depois das 20 horas com 473,4Km percorridos em 14h25min.

Foi um passeio onde tivemos a oportunidade de conhecer regiões do interior do nosso estado com duas diferentes culturas. Inicialmente passando pela região de imigração germânica no interior de Picada Café e Nova Petrópolis, e posteriormente pela região de colonização italiana no interior de Caxias do Sul, São Marcos e Campestre da Serra, na serra gaúcha, onde vivenciamos as diferenças entre a cultura destes dois povos que, assim como outros, fizeram parte da construção do nosso Rio Grande do Sul.

Agradecimento ao amigo Marcelo Rech por ter disponibilizado o roteiro e pelas dicas.